segunda-feira, 16 de maio de 2011

BOMBEIROS COLECIONAM HISTÓRIAS DE PARTOS ASSISTIDOS EM LOCAIS INUSITADOS

Há três anos, grávida do segundo filho, a diarista Francisca Maria de Souza Silva, 27 anos, manteve a calma quando sentiu as primeiras contrações durante uma manhã, cinco dias antes do esperado. “Pensei que daria tempo. Ajeitei tudo, arrumei a bolsa dele, tomei banho, parecia que ia passear”, conta. Livre das preocupações típicas de uma mãe de primeira viagem — a primogênita é Maria, hoje com 10 anos —, não percebeu que o estouro da bolsa era o sinal de que o menino queria nascer logo, sem esperar por preparativos. Quando o socorro chamado pelos vizinhos chegou, não havia mais como ir ao hospital. O bebê nasceu ali mesmo, em casa.

Francisca nasceu em situação semelhante, com o auxílio de uma parteira. Mas, em tempos modernos, ela não estava preparada para passar pelo mesmo que sua mãe. A cama do seu quarto não oferecia a mesma segurança de um leito de hospital. Por isso, os socorristas tiveram de transportá-la para uma maca. “Senti muita dor e eles me pediam calma. Confiei neles o tempo todo, fiquei segura. Meu marido estava desesperado. Me alegrei demais, não sei o que seria de mim se não fossem eles”, contou a doméstica. Em menos de uma hora, nasceu Daniel. Depois, mãe e filho foram levados ao hospital, onde foi constatado que o parto improvisado não deixou consequências graves.

Essa é a história de apenas uma das inúmeras mães atendidas pelo Grupamento de Atendimento de Emergência Pré-Hospitalar (Gaeph),do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF). Por falta de assistência médica ou por acaso do destino, as parturientes têm de confiar a vida de seus recém-nascidos às mesmas mãos que resgatam vidas em perigo todos os dias. Sem escolha, elas abrem mão do conforto de um hospital em troca da dureza do chão ou do aperto de uma viatura — onde não têm direito a cesariana ou a anestesia, mas contam com todo o talento e o apoio incondicional dos socorristas.

O sucesso do parto de Francisca deve-se exclusivamente à preparação e à experiência dos bombeiros chamados à sua casa naquela manhã. O sargento Wellington Corrêa, 35 anos, perdeu as contas de quantas crianças vieram ao mundo por suas mãos em 15 anos de serviços prestados na ambulância do GAEPH, quase todos bem-sucedidos. Apenas um dos partos feitos por ele terminou de forma insatisfatória: o nascimento de um bebê de cinco meses, que não pôde ser salvo quando chegou ao hospital.

Não fosse pela presença dos socorristas na casa de Fátima, o pior também poderia ter ocorrido a Daniel. “O parto demorou um pouco mais que os outros. O bebê estava roxo, com duas voltas de cordão umbilical em volta do pescoço. Mas eu cortei o cordão e ele chorou normalmente. Graças a Deus, hoje ele está bem”, emocionou-se o socorrista.


Fonte: correiobraziliense.com.br

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