Elas chegaram aos poucos. No início da construção de Brasília, somavam um pouco mais de 52 mil. Em 50 anos, esse número multiplicou-se 25 vezes e as mulheres não só são a maioria da população, como colocaram o Distrito Federal em segundo lugar no ranking nacional dos entes da Federação com maior presença feminina. De acordo com o Censo 2010, são 1.337.726 mulheres, o que corresponde a 52,19% dos residentes no DF. A capital federal perde somente para o Rio de Janeiro cuja população feminina é de 52,31%.
É difícil imaginar que uma cidade construída pela força masculina hoje seja tão feminina. Na década de 1950, quando chegaram os primeiros trabalhadores para erguer Brasília, as boleias e as carrocerias dos caminhões vinham lotados de homens para trabalharem como serventes, pedreiros, engenheiros ou arquitetos. Mulheres eram poucas e exerciam apenas os serviços “femininos”, como cozinheiras, faxineiras e lavadeiras. O Censo de 1960 apontou a existência de cerca de dois homens para cada mulher em solo candango. Hoje, a proporção não só caiu, como se inverteu: 1,10 mulher para cada homem.
[FOTO1]A casa da corretora Laila Sousa Bispo, 24 anos, dá um grande reforço à estatística. São três gerações de mulheres sob o mesmo teto: ela, a mãe e a filha. “Aqui nenhum homem manda não”, brinca Laila. A vida da brasiliense é tão cercada por presenças femininas que, para contabilizar os homens de suas turma de faculdade — ela cursa administração — é preciso somente os dedos de uma das mãos. “Cinco, de um total de 64 alunos.”
O aumento da quantidade de mulheres é uma tendência em todo Brasil, conforme mostraram os últimos recenseamentos. O crescimento se dá, em grande parte, por causa da longevidade feminina: eles morrem mais cedo em virtude da violência, seja por conta de assassinatos ou do trânsito. No caso do Distrito Federal, nos últimos 25 anos, houve uma mudança no perfil migratório.
Atrativos
Se nos primeiros anos de vida da cidade, muitos homens vieram para trabalhar na construção de Brasília, com a inauguração da capital, elas começaram a chegar acompanhando os maridos transferidos de órgãos públicos antes sediados na capital do Rio de Janeiro. A partir da década de 1990, o DF passou a atrair mulheres de estados como Maranhão, Piauí e Bahia, todas interessadas na alta demanda por trabalhadoras domésticas.
Atualmente, os salários mais altos do que os oferecidos na terra natal, a formalização e a possibilidade de capacitação atraem cada vez mais mulheres, que ficam divididas entre Brasília e a cidade de origem, onde costumam deixar a mãe e, muitas vezes, os filhos. “Criou-se uma rede social em que as migrantes cuidam da casa e dos filhos das que trabalham fora, essas domésticas depois voltam para os seus estados, levam renda, constroem casas, e para vir deixam os filhos com as avós”, explica a coordenadora do Programa de Pós-Graduação Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional da Universidade de Brasília, Ana Maria Nogales.
A brasiliense é a que recebe o maior valor por hora trabalhada: R$ 9,99, seguindo a posição dos homens, que também são os mais bem remunerados do Brasil. Para o chefe-adjunto do curso de administração da Faculdade Upis, Gilmar do Santos Marques, elas têm se desdobrado para reduzir as diferenças e procurado uma melhor capacitação. “A mulher percebeu que o caminho é a qualificação.”
A coordenadora de empreendimentos de uma grande construtora da cidade, Daniela de Paula, 26 anos, encara os desafios do concorrido mercado de venda de imóveis e, em dois anos, passou de corretora a coordenadora. “Ainda existe muito machismo no mercado de trabalho. Quando uma mulher se destaca, começam as fofocas. Eu fico triste, mas sei que cheguei aonde estou pelos bons resultados dentro da empresa”, conta.
Independentemente do motivo de uma maior presença feminina, o aposentado Raimundo Eni Silva, 60 anos, comemora os dados estatísticos. “Quanto mais melhor.Um lugar com mais mulheres não faz mal à ninguém, muito menos para os homens”, brinca.
Por Flávia Maia
www.correiobraziliense.com.br
[FOTO1]A casa da corretora Laila Sousa Bispo, 24 anos, dá um grande reforço à estatística. São três gerações de mulheres sob o mesmo teto: ela, a mãe e a filha. “Aqui nenhum homem manda não”, brinca Laila. A vida da brasiliense é tão cercada por presenças femininas que, para contabilizar os homens de suas turma de faculdade — ela cursa administração — é preciso somente os dedos de uma das mãos. “Cinco, de um total de 64 alunos.”
O aumento da quantidade de mulheres é uma tendência em todo Brasil, conforme mostraram os últimos recenseamentos. O crescimento se dá, em grande parte, por causa da longevidade feminina: eles morrem mais cedo em virtude da violência, seja por conta de assassinatos ou do trânsito. No caso do Distrito Federal, nos últimos 25 anos, houve uma mudança no perfil migratório.
Atrativos
Se nos primeiros anos de vida da cidade, muitos homens vieram para trabalhar na construção de Brasília, com a inauguração da capital, elas começaram a chegar acompanhando os maridos transferidos de órgãos públicos antes sediados na capital do Rio de Janeiro. A partir da década de 1990, o DF passou a atrair mulheres de estados como Maranhão, Piauí e Bahia, todas interessadas na alta demanda por trabalhadoras domésticas.
Atualmente, os salários mais altos do que os oferecidos na terra natal, a formalização e a possibilidade de capacitação atraem cada vez mais mulheres, que ficam divididas entre Brasília e a cidade de origem, onde costumam deixar a mãe e, muitas vezes, os filhos. “Criou-se uma rede social em que as migrantes cuidam da casa e dos filhos das que trabalham fora, essas domésticas depois voltam para os seus estados, levam renda, constroem casas, e para vir deixam os filhos com as avós”, explica a coordenadora do Programa de Pós-Graduação Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional da Universidade de Brasília, Ana Maria Nogales.
A brasiliense é a que recebe o maior valor por hora trabalhada: R$ 9,99, seguindo a posição dos homens, que também são os mais bem remunerados do Brasil. Para o chefe-adjunto do curso de administração da Faculdade Upis, Gilmar do Santos Marques, elas têm se desdobrado para reduzir as diferenças e procurado uma melhor capacitação. “A mulher percebeu que o caminho é a qualificação.”
A coordenadora de empreendimentos de uma grande construtora da cidade, Daniela de Paula, 26 anos, encara os desafios do concorrido mercado de venda de imóveis e, em dois anos, passou de corretora a coordenadora. “Ainda existe muito machismo no mercado de trabalho. Quando uma mulher se destaca, começam as fofocas. Eu fico triste, mas sei que cheguei aonde estou pelos bons resultados dentro da empresa”, conta.
Independentemente do motivo de uma maior presença feminina, o aposentado Raimundo Eni Silva, 60 anos, comemora os dados estatísticos. “Quanto mais melhor.Um lugar com mais mulheres não faz mal à ninguém, muito menos para os homens”, brinca.
Por Flávia Maia
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