O
Cabo Luciano Pereira foi e sempre será um profissional amado pela família e
amigos, que soube com maestria e sensibilidade transformar a vida na arte
de fazer o bem e deixa um legado de exemplo dentro e fora as fileiras da PMDF.
Era pra ser mais uma tarde de sábado, (13/5) assim como tantas outras para o
cabo Luciano Pereira dos Santos, 39 anos, familiares e amigos. Com sua moto,
uma mochila de cor azul nas costas, trajando camiseta preta, calça jeans e
tênis na cor vermelha o cabo da Policia Militar do DF, integrante da
Rotam, uma das tropas de elite da PMDF, deixou para trás a cidade onde
mora com destino a Aparecida de Goiânia, na bagagem a intenção de praticar de
servir ao participar de um evento de capoeira, uma das suas paixões, que
costumava ensinar a crianças carentes, em projetos comunitários na
cidade de Sobradinho.
Uma tarde vivenciada por cenas que ficarão para sempre, marcadas nas
mentes daqueles que conviveram com um ser humanos excepcional, colocado por
Deus na terra, assim era o cabo Luciano Pereira, sua missão chegou ao fim, mas o
legado de amor e dedicação a família, de humildade e bondade, servirá como
exemplo para aqueles que o admiravam e conviveram com ele.
Porém o
destino quis que o homem de coração generoso, de sorriso fácil, amor pela vida,
brincalhão e acima de tudo amado e idolatrado pela família, e por uma legião de
amigos, fizesse mais uma parada em um comércio, onde compraria
créditos para o celular, uma ligação, confirmaria o endereço onde o
evento de capoeira seria realizado. Depois da parada, a dor dos irmãos de farda, que horas depois resgatariam o corpo inerte para o DF, em um comboio
formado por barcas da Rotam, Bope e Patamo. O filho, pai, esposo, irmão, amigo
e profissional exemplar, cabo Luciano Pereira estava morto.
Uma
parada que silenciou os berimbaus, a voz e pões luto eterno no coração da
família, esposa, filhas, mãe, irmãos, amigos de farda e das rondas de capoeira.
Os tiros que sairão da arma que estava nas mãos de dois adolescentes
infratores, manchadas pelo crime, também atingiram em cheio sonhos de
pessoas carentes, que tinham na pessoa do Luciano Pereira, a esperança de
uma vida melhor devido aos projetos sociais dos quais fazia parte o policial
militar.
O cabo
Luciano foi morto de forma covarde, sem direto a defesa, seus algozes,
dois adolescentes, de 17 anos, ambos com diversas passagens, por essa justiça
arcaica do nosso Brasil. Menores com passagens pelos mais variados atos
criminosos, mas vagando livres nas ruas apagando sonhos, e destruindo vidas de
trabalhadores, pais de famílias e pessoas do bem como era o cabo Luciano
Pereira.
A notícia
da morte do cabo Luciano se espalhou como um raio nas redes sociais e entrou na
casa de milhares de pessoas, que o conhecia. A tristeza tomou conta de uma
cidade, onde nasceu e viveu com a família, esposa e duas filhas. Os colegas de
farda lamentam o ocorrido, um vazio no coração uma perda irreparável. As
homenagens ao ser humano humilde, batalhador e que conquistou a todos pela
forma alegre com que encarava a vida não param nas redes sociais, é a forma de
dizerem muito obrigado e amenizarem a saudade do irmão de farda.
Os homens
de fardas cinza Rotam, pretas do Bope e Patamo se misturaram aos demais
policiais de todas as outras unidades da PMDF, juntos choraram a perda de um
ser humanos digno de envergar a farda da PMDF e da Rotam. Muito mais que um
policial militar, o cabo Luciano Pereira, era daquelas pessoas que bastava
vê-lo uma vez para perceber o ser humano excepcional, ou encontra-lo dentro de
uma barca da Rotam combatendo o bom combate ou no meio a um roda de capoeira
entre crianças carentes, adultos e nas ruas como presenciei diversas vezes
na quadra central de Sobradinho nas manhãs de domingo.
Um homem
simples de coração bondoso soube transformar a vida, na arte de servir e fazer
o bem. Em uma de suas ações, conta que um garoto excepcional fazia aniversário,
um grupo de capoeira estava fazendo uma homenagem ao garoto, o cabo Luciano
Pereira estava de serviço, mesmo assim fez questão de ir até o local onde
estava o garoto e entrar na roda de capoeira junto com ele, a farda parecia
acompanhar com maestria os movimentos do cabo Luciano Pereira embalado pelos os
movimentos. A habilitada de conquistar amigos e praticar o bem do cabo Luciano
Pereira, era tão leve e envolvente, quanto os golpes e a dança usada nas
rondas de capoeira.
A
capoeira bailava e seus passos transmitia um grau de bondade de forma nunca
vista.
Naquela
fática tarde de sábado por volta das 16h40, disparos de arma de fogo
deixarão marcas profundas no coração de cada pessoa, que teve contato com esse
ser humano excepcional. Talvez a própria corporação não tenha
dimensão do ser humano, do profissional que perdeu somente a
família e os amigos têm essa dimensão justificada pela dor, mas acima de
tudo pelo orgulho de ter feito parte da vida desse anjo da guarda chamado
Luciano Pereira.
Os
menores infratores autores do crime de latrocínio, um deles foi morto por
um policial militar da reserva remunerada da PMGO, que estava no local e
reagiu, o segundo menor infrator, também baleado, se encontra internado no Hugo
- Hospital de Urgência de Goiânia, uma jovem funcionaria da padaria
também atingida por disparos veio a óbito após ser socorrida.
O cabo
Luciano Pereira, Foi sepultado sob a emoção das quase duas mil
pessoas no cemitério de Sobradinho, na tarde de domingo. Familiares,
amigos de farda de diversas unidades da PMDF, pessoas da comunidade e grupos de
capoeira foram prestar suas últimas homenagens ao militar. Honras militares com
salva de tiros, helicóptero da PMDF lançando pétalas de rosas e ao
som dos berimbaus e músicas, das rodas de capoeira, fizeram parte da
despedida.
A
família informa aos familiares e amigos que a missa de sétimo dia do
cabo Luciano Pereira, está marcada para o dia 19/5 às 19h, na Igreja Imaculada
Conceição, localizada a quadra 13, área especial ao lado do campo de
futebol da quadra 15, em Sobradinho DF.
Por
Ferreira Santos, especial para o Informativo Flagrante.